Um tempo atrás, quando estava fazendo reabilitação física na água, havia um colega sênior junto comigo e comentava que, só esperava chegar sexta-feira para ser feliz.
Fiquei um pouco triste por ele, entendendo que passava a semana pensando no tempo futuro e não vivenciando o momento presente.
Não tinha familiaridade nem intimidade com o sujeito, mas chegou um momento que não aguentei, a curiosidade matou a educação e lasquei direto a pergunta que não queria calar: - Porque o senhor ama tanto a sexta-feira?!
Concordo que finais de semanas são legais, mas aquela paixão por sextar estava me pondo a louca bisbilhotice.
Foi então que meu companheiro, também lesionado da coluna, me confidenciou no mais absoluto sigilo (me abstenho de citar nomes) de que trabalhava há quase trinta e dois anos (sim... ele falou 32) em uma empresa e detestava o trabalho que fazia.
Francamente, me caiu o queixo!
A criatura que vos escreve, já querendo dar pitaco e um tanto invasiva, não mais se contendo, questiona o porquê de ele trabalhar tantos anos em um lugar onde se sente infeliz!?
- “Sou o provedor da minha família, coloquei duas filhas na faculdade, temos casa própria, um carro e posso viajar, de vez em quando, a segurança me aprisionou a esse trabalho.”
Assim, sem palavras para articular qualquer coisa que valesse a pena, me recolhi no silêncio.
Este caso trás reflexões a serem examinadas.
Por um lado, o patriarca forneceu uma vida estável para sua família e, observando por outro viés, viveu infeliz durante a maior parte de sua existência enquanto permaneceu trabalhando em algo que detestava.
Indo mais além, questiono, como alguém pode ser produtivo e entregar um bom trabalho com esse perfil desanimador?
Gostaria muito de saber sua opinião! mhelena@formatoaberto.com.br